terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O começo, somente o começo....


Minha mãe tem um filho mais velho do que eu,  e o parto dele foi muito complicado. Logo que  ela descobriu que estava grávida de mim, se desesperou e todo o sofrimento que havia passado veio rapidamente na sua lembrança quando viu o resultado do exame. Além de não ter sido planejada essa gravidez, ainda havia um trauma que a rodeava. Passou a gestação inteira preocupada, com medos, e quando chegou na hora de ir para o hospital para fazer à cesariana, ela deixou uma carta para o meu pai se despedindo,  tamanho era o medo de morrer.
O parto correu tudo bem, nasci forte e saudável. Todo o medo, era só medo... Graças a Deus tudo saiu muito melhor do que todos pensavam, uma guerra se acabava ali, e com a vitória, mas ninguém sabia que uma rejeição na gravidez pudesse ter várias conseqüências...
Muitos dizem que quando somos rejeitados no ventre carregamos isso pra vida toda, e isso tem uma influência muito forte no subconsciente da criança, mesmo que ela não saiba que isso aconteceu. Tanto na religião como na ciência acredita-se que a criança sente e sofre com a rejeição e isso pode afetar em muitas áreas da vida.
Eu confesso que sempre me senti rejeitada e quando minha mãe me contou o que realmente aconteceu, entendi muita coisa, muitas sensações estranhas, mas logo compreendi e me imaginei no lugar dela. Em uma parte da minha adolescência fiquei revoltada e muitas dúvidas me cercavam, como qualquer adolescente que começa a enfrentar a vida. Mas eu tinha uma coisa diferente das outras pessoas da minha idade. Na igreja que eu freqüentava, o pastor disse que a revolta podia ser conseqüência da rejeição, eu tinha apenas 12 anos quando ele me disse isso, mas eu aceitei tudo tranquilamente, mas às vezes vinha aquela voz me perturbando dizendo: Nem a sua mãe te quis, então quem vai te querer? Se mata, você não tem valor, você é um lixo. Mas me lembro que naquela época me apeguei com um hino que dizia: "Quero que valorize o que você tem. Você é um ser. Você é alguém, tão importante para Deus, chega de ficar sentindo angústia e dor, nesse seu complexo interior, achando as vezes que não é ninguém...". Então sempre que se  aproximava esses pensamentos ruins eu cantava essa música e isso me ajudava muito, minhas forças se renovavam, a tristeza e a revolta se afastavam.
Mesmo  ainda no ventre da minha mãe, eu já enfrentava o medo junto com ela, e isso era apenas o começo de uma vida com grandes batalhas...

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